Escutei músicas tristes, assisti a filmes dramáticos, comi 15 brigadeiros, acabei com três caixas de gelado e ganhei alguns quilos a mais. Nada disso adiantou. Nenhuma música entendeu, nenhum texto fez sentido, nenhum conselho foi suficiente. Disseram que eu devia sair e conhecer outras pessoas. Que eu tinha que levantar, lavar o rosto e seguir minha vida. Que ele não merecia as minhas lágrimas. E eu queria que tivesse sido assim fácil. Queria simplesmente ter saído e conhecido outras pessoas. Queria simplesmente ter levantado, lavado o rosto e seguido a minha vida. Queria não ter chorado por quem não merecia. Queria ter esquecido ele assim, como todos dizem que fiz. Mas esquece-o foi bem mais difícil que isso.
Pra esquece-lo, tive que ocupar as 24 horas do meu dia. Tive que parar de escutar as musicas que me faziam lembrar ele. Tive que passar longe de todos os lugares de onde gostávamos mais de estar. Tive que colocar todos os dias uma máscara de maquilhagem  com pó, blush e rímel, junto com um sorriso que ele sabe que é falso. Tive que me trancar na casa-de-banho e chorar quietinha, para ninguém descobrir que a falta dele ainda me doía. Tive que virar o rosto para não ver ele feliz. Tive que frequentar outros lugares, mudar a minha rotina e dar uma balançada na minha vida. Pra esquece-lo, olha só, tive que engolir mil vezes o gosto amargo do nosso fim mal acabado.
Não foi rápido. Eu acordava todo dia com uma sensação de um eterno murro no estômago. Abria os olhos e sentia as pálpebras pesadas pelo choro da noite anterior. Corria para o o telemóvel só para ver se ele tinha voltado, se não se tinha arrependido, se ele ainda me amava. Não amava. E eu achava, a cada manhã, que arrancavam pouquinho a pouquinho um pedaço de mim. Arrancavam sim. Um pedaço doente, maltratado e abandonado que eu havia esquecido por aqui: ele.
Enquanto eu o esquecia, devagarinho, sem nem me dar conta que o fazia, eu conheci outras pessoas. Fui a outros lugares. Li outros livros. Comecei a gostar de outros tipos de música. Enquanto eu o esquecia, sem mais me pesar com a obrigação de o esquecer, lavei sim o rosto, levantei e segui minha vida. Deixei que ele morresse dentro de mim. Enquanto ele sangrava dentro de mim e era recolhido para o necrotério, eu fiz a mesma coisa que ele: fui tentar ser feliz.
Esquece-lo doeu. Não vou mentir, só porque agora ele virou só mais uma parte desse meu passado estúpido  Não vou fingir, nem vou dizer por aí que ele não representou nada. Representou: todo o papel de estúpida que eu nunca mais quero fazer. Esquecer ele foi, sim, bem difícil.
Mas enquanto eu o esquecia, aprendi a maior lição que ele me podia ter me dado.. Amor, amor é muito mais do que isso que ele sentiu. Então, obrigada. 

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